quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Uma estória curiosa



Aula 3: Uma estória curiosa
Estórias que o povo conta...
As lendas são estórias muito interessantes que retratam a riqueza dos costumes, da língua e das crenças de um povo.
A lenda “Uriri e Bertolina” é uma estória contada há muitas gerações na região de Tocantins. Além de divertida, esta estória desafia o leitor de outras regiões do País a descobrir o significado do texto, repleto de palavras específicas desta região.
Vamos lá, o desafio é seu. Leia a lenda a seguir e procure compreendê-la, apesar das palavras desconhecidas que você irá encontrar no texto.

Uriri e Bertolina
Uriri e Bertolina tocam roça no assentamento e têm quatro filhos. Um é moço e se chama Virgulino, respondendo pelo apelido de “cabeça de burro”; a filha está buchuda, fazendo pouco que casou na “igreja verde”; o terceiro filho, abestado de tanto tomar mé, é Raimundo, conhecido por “rola pé”; e outro filho é “Zé do Balcão”.
Uriri precisou ir à rua, mode que tava com baticum e curuba. Na rua, precisou ver a dotora e também fazer o rancho, antes que ficasse turvo, pois no dia seguinte tinha juquira da grossa.
Antes de sair, Uriri disse para a patroa:
– Ma homi! Prepara o quebra-jejum, mode tô avexado.
De quebra-jejum, Uriri comeu pixicado, frito, modubim, mangolão, chambari, pegado, arroz de leite, simbereba, passa raiva, jerimum e aipim. Muito avexado, azuado, aperreado e seboso, Uriri pegou o gongo gomado pela patroa, a lembreta, um pouco de tapioca e a jóia, colocou tudo numa boroca e num banzo e partiu rumo à rua.
Uriri andou curiando tudo na estrada e no meio do caminho viu uma cunhã numa tibuzana, trabalhando com o tapiti no rancho. Ao chegar perto, a cunhã disse:
– Encosta aqui e venha pegar o rango enquanto eu vou ali jogar no mato a massa do aipim. Uriri, que já tinha comido muito em casa, agradeceu a cunhã e continuou a viagem, tomando mé pelo caminho. Quando chegou na rua, estava num banzo danado e foi parar no campo santo à procura da dotora. Lá verteu água à vontade. Sem conseguir sair dali, Uriri dormiu como estava.
No outro dia, ao perceber que estava no campo santo, saiu aperreado rumo ao armazém para fazer o rancho, depois foi à clínica ver a dotora e por fim foi ao rancho de seu irmão.
Ao chegar no rancho, uma vizinha contou que seu irmão tinha batido as botas e que a sentinela fora na semana anterior e que aquele dia já era o dia de visita ao campo santo.
Uriri saiu meio abestado do rancho, mas não quis ir ver seu irmão, já que tinha passado a noite bem perto dele, deu-se por satisfeito.
Voltando à rua, Uriri tratou de comprar o que faltava: a farda para o “cabeça de burro” ir para a escola. Ao chegar em casa, sua patroa Bertolina, muito aperreada, disse:
– Corno! Por que demorou? Nossa filha pariu, e a cria está com mal de sete dias.
Uriri, aperreado, quis tirar o paninho para conferir se era fêmea ou macho, sem dar ouvido à patroa.
Bertolina, muito macha, disse para Uriri deixar de saliência e voltar correndo para a rua:
– Ande, homi! Num tá vendo que a cria carece da dotora. Vá, caminhe pra rua de novo e traga a dotora pra espiá essa criatura. Eta, homi mole.
(Conto popular de Tocantins. Palmas, 2001.).


Ao terminar a primeira leitura, você deve estar se perguntando que estória é essa. Como compreender um texto em que o significado da maioria das palavras você não reconhece?
Pense nisso. Será que um texto pode informar algo se o leitor não consegue compreendê-lo? Será que há alguma coisa que o leitor possa fazer para decifrar este texto, a princípio, incompreensível? Vamos tentar?

Atividades
1)        Com certeza você deve ter encontrado alguma dificuldade para compreender o texto. Procure explicar qual foi essa dificuldade:




2)        Se os alunos de Tocantins lessem o mesmo texto em sala de aula, encontrariam as mesmas dificuldades que você? Por quê?




3) Segundo o contexto da estória “Uriri e Bertolina”, como você reescreveria os trechos a seguir, para que ficassem compreensíveis?
a) “Na rua, precisou ver a dotora e também fazer o rancho, antes que ficasse turvo.”


b) “– Ma, homi! Prepara o quebra-jejum, mode tô avexado.”.


4) Volte ao texto e grife as palavras que você não compreendeu durante a leitura. Relacione a seguir dez palavras grifadas e complete o quadro com o significado provisório que você atribuiu a elas e, depois da discussão com o professor em sala, finalize o quadro acrescentando o significado real:

Palavras
Significado Provisório
Significado Real
































6) Reescreva a estória de “Uriri e Bertolina” como você a compreendeu, substituindo por um sinônimo as palavras reveladas pelo professor, e as demais por outras que façam sentido no texto. Uma variação possível dessa atividade é contar a estória como se ocorresse em outro lugar, como na fronteira gaúcha, ou nas praias catarinenses. Seja criativo! Após, digitaremos este texto para publicação no nosso blog!

PRODUÇÃO DOS ALUNOS

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Alberto e Lorena
Por Eduarda Vanessa Reichert 

Alberto e Lorena trabalham no campo, eles têm quatro filhos. Um é jovem e se chama Romeu, responde pelo apelido de ”mula”; a filha esta grávida, faz pouco que casou-se no campo; o terceiro filho, retardado de tomar cachaça, é Ricardo, conhecido por “bebum”; o outro é “Zé do bar”.
Alberto precisava ir a cidade, pois estava com problema de pressão e feridas na pele. Na cidade, precisou ver o medico e também fazer compras, antes que ficasse noite, pois no outro dia tinha trabalho pesado.
Antes de sair, Alberto disse a esposa:
-Mulher! Prepare o café da manha, que eu to apressado.
De café da manha, Alberto comeu carne de capivara frita, aipim, arroz, feijoada, farinha de mandioca e milho frito, charge, linguiça com pão, doce de leite, queijo e um café com leite. Muito apressado, agitado, nervoso e sujo, Alberto pegou a pilcha que a esposa tinha engomado, as botas, um pão com linguiça e queijo, a oferta para a igreja, colocou tudo em uma bolsa e com uma falta de vontade danada, partiu rumo á cidade.
Alberto andou cuidando tudo na estrada e no meio do caminho vu uma índia na maior algazarra, trabalhando com a peneira no rancho. Ao chegar perto, a índia disse:
- Se aprochegue aqui e venha comer uma comida enquanto eu vou limpar  peneira ali no mato. Alberto que já avia comido muito em casa, agradeceu a índia prosseguiu viagem, tomando cachaça pelo caminho. Quando chegou à cidade, estava com uma moleza danada e foi parar no cemitério procurando o medico. Lá deu uma chuvarada. Sem conseguir ir para casa, Alberto dormiu ali.
No outro dia, ao perceber que estava no cemitério, saiu apressado rumo ao armazém fazer compras, depois foi à clinica vê ao medico e por fim foi ao rancho de seu irmão. Ao chegar ao rancho, uma vizinha contou que seu irmão havia falecido que o velório fora na semana anterior e que já era dia de visita ao cemitério.
Alberto saiu meio desnorteado do rancho, mas não quis ir ver seu irmão, já que tinha passado a noite perto dele, deu-se por satisfeito.
Voltando a cidade, Alberto tratou de comprar o que faltava o uniforme escolar para o “mula” ir para a escola.
Ao chegar em casa, sua esposa Lorena, muito nervosa, disse:
- Corno! Por que demorou? Nossa filha deu a luz, e a criança esta com tétano.
Alberto, sem dar ouvidos a esposa foi apressado tirar a fralda da criança para ver se era menino ou menina.
Lorena, muito valente, disse: para Alberto deixa de saliência e volte correndo para a cidade:
- Ande homem! Não esta vendo que a criança precisava de uma medica vá, caminhe para a cidade de novo e traga o médico para olhar a criança. Barbaridade tchê que homem mole!


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Legal de entender
Por Erick Engeroff de Olivera
Eu intendi que ele tinha que levantar cedo, para ir até na médica. Porque, ele tinha que tomar café ligeiro, para ir na médica. E também para comprar comida, e também para ver a doença dele que é grave, doença dele é do coração e de feridas. E no meio do caminho, ela fez comida. E também por isso, demoram bastante para chegar na médica, eles moram no meio do mato.
Ele, também dormiu no cemitério. Quando ele acordou foi fazer rancho, ele trouce compras nas costas. Chamou a médica, veio ela. E ele foi de volta para caminhada.




Família louca
Escrito por Stephanie da Reisureição dos santos


Uriri e Bertolina tem 4 filhos, o primeiro se chamava Virgulino, a segunda estava grávida, terceiro era o Raimundo e o quarto e último filho era o Zé do balcão.
O Uriri vai até a cidade porque estava com doença do coração. Daí ele vai até a médica, ela dá pra ele água para beber.
Ele dorme no cemitério, ele acorda. Vai ate o rancho de seu irmão a vizinha conta que ele morreu, e que hoje era dia da visita, ele disse que não ia ir, que já que tinha passado a noite com ele.
Daí ele volta pra casa, a mulher dele chama ele de corno porque ele tinha demorado, mandou ele chamar a médica que a filha dela tava mal por causa do bebê, ele vai chamar a médica, ela faz o que tem que fazer.


Uriri
Escrito por Weslei Oliveira Bertolde

Eu entendi, que era sobre comida. E palavra ruim de entender, é um desafio. Conta que ele tem uma doença no coração e uma inflamação numa parte do corpo. Ele mora na mata e tem que caminhar muito para chegar na cidade, para ir na médica para ver da doença. E o irmão dele faleceu e ele ficou mole, Uriri foi para o cemitério. Daí ele fez o rancho e levou para casa, chegou no interior. A mulher dele perguntou por que ele demorou tanto e ficou calado.
 
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