Aula 3: Uma estória curiosa
Estórias que o povo conta...
As lendas são estórias muito interessantes que retratam a riqueza dos
costumes, da língua e das crenças de um povo.
A lenda “Uriri e Bertolina” é uma estória contada há muitas gerações
na região de Tocantins. Além de divertida, esta estória desafia o leitor de
outras regiões do País a descobrir o significado do texto, repleto de palavras
específicas desta região.
Vamos lá, o desafio é seu. Leia a lenda a seguir e procure
compreendê-la, apesar das palavras desconhecidas que você irá encontrar no
texto.
Uriri e
Bertolina
Uriri e Bertolina tocam roça no assentamento e
têm quatro filhos. Um é moço e se chama Virgulino, respondendo pelo apelido de
“cabeça de burro”; a filha está buchuda, fazendo pouco que casou na “igreja
verde”; o terceiro filho, abestado de tanto tomar mé, é Raimundo, conhecido por
“rola pé”; e outro filho é “Zé do Balcão”.
Uriri precisou ir à rua, mode que tava com
baticum e curuba. Na rua, precisou ver a dotora e também fazer o rancho, antes
que ficasse turvo, pois no dia seguinte tinha juquira da grossa.
Antes de sair, Uriri disse para a patroa:
– Ma homi! Prepara o quebra-jejum, mode tô
avexado.
De quebra-jejum, Uriri comeu pixicado, frito,
modubim, mangolão, chambari, pegado, arroz de leite, simbereba, passa raiva,
jerimum e aipim. Muito avexado, azuado, aperreado e seboso, Uriri pegou o gongo
gomado pela patroa, a lembreta, um pouco de tapioca e a jóia, colocou tudo numa
boroca e num banzo e partiu rumo à rua.
Uriri andou curiando tudo na estrada e no meio do
caminho viu uma cunhã numa tibuzana, trabalhando com o tapiti no rancho. Ao
chegar perto, a cunhã disse:
– Encosta aqui e venha pegar o rango enquanto eu
vou ali jogar no mato a massa do aipim. Uriri, que já tinha comido muito em
casa, agradeceu a cunhã e continuou a viagem, tomando mé pelo caminho. Quando
chegou na rua, estava num banzo danado e foi parar no campo santo à procura da
dotora. Lá verteu água à vontade. Sem conseguir sair dali, Uriri dormiu como
estava.
No outro dia, ao perceber que estava no campo
santo, saiu aperreado rumo ao armazém para fazer o rancho, depois foi à clínica
ver a dotora e por fim foi ao rancho de seu irmão.
Ao chegar no rancho, uma vizinha contou que seu
irmão tinha batido as botas e que a sentinela fora na semana anterior e que
aquele dia já era o dia de visita ao campo santo.
Uriri saiu meio abestado do rancho, mas não quis
ir ver seu irmão, já que tinha passado a noite bem perto dele, deu-se por
satisfeito.
Voltando à rua, Uriri tratou de comprar o que
faltava: a farda para o “cabeça de burro” ir para a escola. Ao chegar em casa,
sua patroa Bertolina, muito aperreada, disse:
– Corno! Por que demorou? Nossa filha pariu, e a
cria está com mal de sete dias.
Uriri, aperreado, quis tirar o paninho para
conferir se era fêmea ou macho, sem dar ouvido à patroa.
Bertolina, muito macha, disse para Uriri deixar
de saliência e voltar correndo para a rua:
– Ande, homi! Num tá vendo que a cria carece da
dotora. Vá, caminhe pra rua de novo e traga a dotora pra espiá essa criatura.
Eta, homi mole.
(Conto
popular de Tocantins. Palmas, 2001.).
Ao terminar a primeira leitura, você deve estar se perguntando que
estória é essa. Como compreender um texto em que o significado da maioria das
palavras você não reconhece?
Pense nisso. Será que um texto pode informar algo se o leitor não
consegue compreendê-lo? Será que há alguma coisa que o leitor possa fazer para
decifrar este texto, a princípio, incompreensível? Vamos tentar?
Atividades
1)
Com certeza você deve ter encontrado alguma
dificuldade para compreender o texto. Procure explicar qual foi essa
dificuldade:
2)
Se os alunos de Tocantins lessem o mesmo texto em
sala de aula, encontrariam as mesmas dificuldades que você? Por quê?
3) Segundo o contexto da estória “Uriri e Bertolina”, como você
reescreveria os trechos a seguir, para que ficassem compreensíveis?
a) “Na rua, precisou ver a dotora e também fazer o rancho, antes que
ficasse turvo.”
b) “– Ma, homi! Prepara o quebra-jejum, mode tô avexado.”.
4) Volte ao texto e grife as palavras que você não compreendeu durante
a leitura. Relacione a seguir dez palavras grifadas e complete o quadro com o
significado provisório que você atribuiu a elas e, depois da discussão com o
professor em sala, finalize o quadro acrescentando o significado real:
Palavras
|
Significado Provisório
|
Significado Real
|
6) Reescreva a estória de “Uriri e Bertolina” como você a compreendeu,
substituindo por um sinônimo as palavras reveladas pelo professor, e as demais
por outras que façam sentido no texto. Uma variação possível dessa atividade é
contar a estória como se ocorresse em outro lugar, como na fronteira gaúcha, ou
nas praias catarinenses. Seja criativo! Após, digitaremos este texto para publicação
no nosso blog!
PRODUÇÃO DOS ALUNOS
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Alberto e Lorena
Por Eduarda Vanessa Reichert
Alberto e
Lorena trabalham no campo, eles têm quatro filhos. Um é jovem e se chama Romeu,
responde pelo apelido de ”mula”; a filha esta grávida, faz pouco que casou-se
no campo; o terceiro filho, retardado de tomar cachaça, é Ricardo, conhecido
por “bebum”; o outro é “Zé do bar”.
Alberto precisava
ir a cidade, pois estava com problema de pressão e feridas na pele. Na cidade,
precisou ver o medico e também fazer compras, antes que ficasse noite, pois no
outro dia tinha trabalho pesado.
Antes de sair,
Alberto disse a esposa:
-Mulher!
Prepare o café da manha, que eu to apressado.
De café da
manha, Alberto comeu carne de capivara frita, aipim, arroz, feijoada, farinha
de mandioca e milho frito, charge, linguiça com pão, doce de leite, queijo e um
café com leite. Muito apressado, agitado, nervoso e sujo, Alberto pegou a
pilcha que a esposa tinha engomado, as botas, um pão com linguiça e queijo, a
oferta para a igreja, colocou tudo em uma bolsa e com uma falta de vontade
danada, partiu rumo á cidade.
Alberto andou
cuidando tudo na estrada e no meio do caminho vu uma índia na maior algazarra,
trabalhando com a peneira no rancho. Ao chegar perto, a índia disse:
- Se aprochegue
aqui e venha comer uma comida enquanto eu vou limpar peneira ali no mato. Alberto que já avia
comido muito em casa, agradeceu a índia prosseguiu viagem, tomando cachaça pelo
caminho. Quando chegou à cidade, estava com uma moleza danada e foi parar no
cemitério procurando o medico. Lá deu uma chuvarada. Sem conseguir ir para
casa, Alberto dormiu ali.
No outro dia,
ao perceber que estava no cemitério, saiu apressado rumo ao armazém fazer
compras, depois foi à clinica vê ao medico e por fim foi ao rancho de seu irmão.
Ao chegar ao rancho, uma vizinha contou que seu irmão havia falecido que o
velório fora na semana anterior e que já era dia de visita ao cemitério.
Alberto saiu
meio desnorteado do rancho, mas não quis ir ver seu irmão, já que tinha passado
a noite perto dele, deu-se por satisfeito.
Voltando a
cidade, Alberto tratou de comprar o que faltava o uniforme escolar para o
“mula” ir para a escola.
Ao chegar em
casa, sua esposa Lorena, muito nervosa, disse:
- Corno! Por
que demorou? Nossa filha deu a luz, e a criança esta com tétano.
Alberto, sem dar
ouvidos a esposa foi apressado tirar a fralda da criança para ver se era menino
ou menina.
Lorena, muito
valente, disse: para Alberto deixa de saliência e volte correndo para a cidade:
- Ande homem! Não
esta vendo que a criança precisava de uma medica vá, caminhe para a cidade de
novo e traga o médico para olhar a criança. Barbaridade tchê que homem mole!
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Legal de entender
Por Erick Engeroff de
Olivera
Eu intendi que ele
tinha que levantar cedo, para ir até na médica. Porque, ele tinha
que tomar café ligeiro, para ir na médica. E também para comprar
comida, e também para ver a doença dele que é grave, doença dele
é do coração e de feridas. E no meio do caminho, ela fez comida. E
também por isso, demoram bastante para chegar na médica, eles
moram no meio do mato.
Ele, também dormiu no
cemitério. Quando ele acordou foi fazer rancho, ele trouce compras
nas costas. Chamou a médica, veio ela. E ele foi de volta para
caminhada.
Família
louca
Escrito por Stephanie
da Reisureição dos santos
Uriri e Bertolina tem 4
filhos, o primeiro se chamava Virgulino, a segunda estava grávida,
terceiro era o Raimundo e o quarto e último filho era o Zé do
balcão.
O Uriri vai até a cidade
porque estava com doença do coração. Daí ele vai até a médica,
ela dá pra ele água para beber.
Ele dorme no cemitério,
ele acorda. Vai ate o rancho de seu irmão a vizinha conta que ele
morreu, e que hoje era dia da visita, ele disse que não ia ir, que
já que tinha passado a noite com ele.
Daí ele volta pra casa,
a mulher dele chama ele de corno porque ele tinha demorado, mandou
ele chamar a médica que a filha dela tava mal por causa do bebê,
ele vai chamar a médica, ela faz o que tem que fazer.
Uriri
Escrito
por Weslei Oliveira Bertolde
Eu entendi, que era sobre
comida. E palavra ruim de entender, é um desafio. Conta que ele tem
uma doença no coração e uma inflamação numa parte do corpo. Ele
mora na mata e tem que caminhar muito para chegar na cidade, para ir
na médica para ver da doença. E o irmão dele faleceu e ele ficou
mole, Uriri foi para o cemitério. Daí ele fez o rancho e levou para
casa, chegou no interior. A mulher dele perguntou por que ele demorou
tanto e ficou calado.
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